"É muita informação e pouco conteúdo”
Paulo Ricardo – É uma comparação aos tempos de quando começamos com o que temos agora, com a internet. Quando começamos, a informação era muito escassa. Não tínhamos internet e nem MTV, então para ouvirmos coisas novas tínhamos um verdadeiro contrabando de informações: era revista, troca de cartas.
Hoje em dia, isso mudou muito, está tudo à disposição na internet. Pra gente, é uma ferramenta útil. Colocamos as faixas novas no site e as pessoas já podem ouvir.
Mas nós não achamos que essa revolução tecnológica representou necessariamente um upgrade para a música na questão da criatividade. Prova disso são as bandas dos anos 80 que são consideradas clássicos (tanto nacionais quanto internacionais) e a internet facilita o acesso para a garotada.
Hoje em dia com programas como o Garage Band é fácil gravar um disco em casa, mas isso não quer dizer que a qualidade tenha aumentado.
Existe um pouco de uma cobrança, principalmente em cima de mim, para que tenhamos letras políticas. Já fizemos coisas assim antes, porque tínhamos recém saído de uma ditadura e aquilo na época era pertinente.
Hoje os questionamentos são mais internos, questões éticas de cada um. Só porque se tem muita informação não significa que tem muito conteúdo.
É muita coisa, você não tem tempo de filtrar o que tem mais profundidade. Não tem condição um cara sair da faculdade e não saber escrever direito. Vocês jornalistas devem estar presenciando este triste e trágico evento; houve demissão do pessoal de mais tempo de carreira e que tinham salários mais caros para contratação de uma garotada com linguagem de internet.
Então essa música toca também nesse tipo de assunto. Eu não tenho mais saco pra política, mas eu tenho que dizer que o mundo tem que ter qualidade e foco.