Kiko Zara: de Jundiaí para a bateria do RPM.
Ainda antes da morte de Paulo P. A. Pagni, 61 anos, em 22 de junho último, a banda RPM (Revoluções Por Minuto) já vinha contando com um outro baterista, Kiko Zara, que vive em Jundiaí, onde dá aulas, toca e criou família.
A morte de P.A. é muito recente ainda para que os ex-parceiros toquem no assunto. P.A. entrou para o RPM em 1985, mas vinha enfrentando problemas de saúde e aprovava ser substituído por Kiko nos shows e gravações, inclusive eles se encontraram no Morumbi, no Estúdio 500, quando tiraram uma foto juntos.
"Desde o início entrei em contato com o P.A. e fizemos amizade, conversamos sobre tudo e ele disse que estava se recuperando e que eu ficaria até ele voltar, mas infelizmente ele não conseguiu", relembra Kiko. "O P.A. fez apenas um acústico em São Bernardo, que foi a última apresentação dele com o RPM, enquanto eu fazia os elétricos.
No dia 22 de junho, estávamos em Garopaba-SC e recebemos a notícia de seu falecimento, o que nos deixou muito triste. Eu fiquei mal, chorei no hotel em meu quarto, porque pensei no quanto ele foi bacana comigo nesse um ano. Ele era muito humilde e falava bem de mim para o pessoal do fã clube".
Com o RPM, Kiko passou por São Paulo, Rio, Minas, Paraná e Santa Catarina, com shows incríveis como o do estacionamento do Mineirão, em Belo Horizonte.
O baterista explica que o convite chegou por uma indicação de Julio Quatrucci, da 74 Entretenimento Jundiaí, empresário que vendeu os 2 primeiros shows da volta do RPM em 2018.
"Sou amigo do Julio e uma semana antes da retomada da banda para show em Ilhabela, com estreia do Dioy no baixo e também dividindo os vocais com o Fernando Deluqui, o P.A. estava sem condições de saúde e assim me chamaram pra saber se eu aceitaria fazer os shows. Eu disse que interessava e mandei uns vídeos para o pessoal me ver tocando. E assim sigo até agora", explica.
Kiko conta que entre mandar os vídeos e a resposta do RPM, entrou de cabeça nas músicas de banda, ensaiando muito, porque sabia que o convite poderia ser de última hora, como aconteceu. "Veio a ligação no domingo para que eu fosse a um ensaio-teste em São Paulo na segunda e já me mandaram o material. Quase nem dormi tirando e escrevendo partituras".
O primeiro ensaio foi com Dioy e Deluqui, que passaram o show inteiro. "O Deluqui ficou surpreso, gostou, e daí no dia seguinte foi a vez de eu passar pela banda inteira, então também com o Luiz Schiavon. Quando cheguei e vi todos aqueles 7 teclados montados, pensei comigo mesmo: 'Kiko, é agora ou nunca'. Aí fui para cima com meus 30 anos de carreira como baterista profissional e, após a terceira música, o Schiavon esticou sua mão em minha direção, tipo toca aqui, e disse: 'Você é um dos melhores bateristas com quem já toquei na vida'. Fiquei muito feliz, soube ali que o trabalho de substituto era meu, como realmente foi e está sendo". O baterista de Jundiaí gravou quatro músicas inéditas que serão lançadas em breve.
Carreira
Luis Zara, o Kiko, 42 anos, nasceu em Três Lagoas, Mato Grosso do Sul, e veio para Jundiaí em 1979, aos dois anos. Começou a tocar com 5 anos no Conservatório Pio X, "depois de tanto batucar em tudo que via pela frente". "A partir daí nunca mais parei, comprei minhas baquetas e ligava discos de vinil e ficava na frente da vitrola mexendo braços e pernas junto, treinando no ar até comprar a primeira bateria".A primeira experiência em palco veio logo em 1989, ainda adolescente, com a primeira banda, chamada Situação Zero, que montou junto com Sérgio Negri, o Zezé - "grande guitarrista", segundo Kiko. A segunda banda foi a Stupid Vision com o irmão Cesar Zara no vocal, Rafael Morassutti no baixo e duas guitarras, a do próprio Zezé e a de Junir Pauli. "Éramos uma das melhores bandas de Heavy Metal de Jundiaí, tocávamos Punk Rock também", recorda.
Ele fez curso de técnico em eletrônica, mas encarou a música profissionalmente desde 1995, quando passou por outras bandas, participei de festivais e concursos de bateria pelo Brasil todo, inclusive ganhando alguns.
Kiko lembra com carinho das aulas com Virgil Donati, para ele um dos maiores bateristas do mundo, um australiano que dá aulas no Brasil. Seus dois primeiros professores foram de Jundiaí, Alessandro Pessolano e Cassiano Ferreira.
O baterista conta que tocou com um grupo de Jundiaí no Canadá e por 13 anos tocou no Hopi Hari. "Gravei com diversos artistas e bandas, fiz televisão, e continuo agora com o RPM. Quando a agenda permite, toco com minha mulher também, a cantora Geisa Mell ou com a banda The Joker". Aqui em Jundiaí vai se apresentar com amigos no dia 26, no Café Racer Rock Bar, um show tributo a André Matos.
Kiko dá aulas também desde 1993. Hoje na School of Rock Jundiaí e em seu estúdio na Vila Hortolândia (Rua Campinas, 185).
Fonte: http://www.jundiaqui.com.br/