Paulo Ricardo declara voto em Lula, contrariando o conservadorismo do rock brasileiro dos anos 80.
O cantor Paulo Ricardo, ex-RPM, faz declaração de apoio à candidatura Lula. Paulo Ricardo afirma nunca ter acreditado em “mitos ou profetas” e que seu voto é “pela liberdade e pela democracia”. Ao final, faz o sinal da letra L com os dedos.
Paulo Ricardo sabe do que está falando, uma vez que estourou com a banda RPM nos anos 1980, no final da Ditadura Militar e na posterior volta à democracia. No vÃdeo, ele cita o fato de o primeiro single da banda, “Revoluções por Minuto”, cuja letra descreve daquele perÃodo (“Ouvimos qualquer coisa de BrasÃlia/ Rumores falam em guerrilha/Foto no jornal/Cadeia nacional, uou!”), chegou a ser censurada pelo governo Sarney.
O declaração de voto de Paulo Ricardo é particularmente significativa, dados que muitos roqueiros dessa mesma geração deram guinadas à direita nos anos 2010. O vocalista do Ultraje a Rigor, Roger Moreira, o baterista João Barone, dos Paralamas, e o cantor e compositor Lobão estão entre os músicos que não apenas assumiram posturas reacionárias como são personagens bastante ativos nas redes sociais. Hoje, Barone e Lobão se dizem arrependidos e são crÃticos a Jair Bolsonaro, mas Roger continua despejando seu conservadorismo feroz. Recentemente, seu comentário grosseiro e agressivo sobre sobre a menina de 11 anos de Teresina (PI) que engravidou pela segunda vez depois de ser, de novo, vÃtima de estupro, causou uma onda de indignação nas redes sociais.
Paulo Ricardo engrossa o coro de artistas de diversas gerações que na reta final da campanha eleitoral de 2022 vem declarando voto no candidato do PT. Entre as bandas remanescentes da geração do rock brasileiro do anos 1980, ex-Titãs como Nando Reis, Toni Bellotto e Paulo Miklos participaram de vÃdeos coletivos de apoio. João Gordo, lÃder e vocalista do Ratos de Porão e apresentador da extinta MTV!, declarou em entrevista que, nesta eleição, em vez de votar nulo: ” (…) dessa vez vou votar no Lula para o Bolsonaro não ganhar de novo. Eu voto até no meu cachorro para que esse cara não ganhe, porque senão esse paÃs vai cair em uma obscuridade maior do que já está”. O rock brasileiro, finalmente, acertou.