A história da separação da banda RPM em 2003

O RPM é uma das poucas bandas nacionais cuja história daria para fazer um programa do tipo 'Behind the Music' ( Por trás da Fama); onde a banda conta como depois de alcançar a fama, foi capaz de jogar tudo fora.





Parecia que em 2001 eles propunham corrigir o erro, e fazer o RPM voltar a ocupar o lugar que havia conquistado nos anos 80, como uma das bandas mais importantes do país, para alegria dos fãs.

Conheça essa história no vídeo a seguir, para saber os detalhes de porque o RPM se separou após o álbum RPM MTV 2002.


Os quatro músicos do RPM se encontraram novamente, e deram início a volta do RPM, inclusive com o retorno do empresário Manoel Poladian

Em 2001 é lançado o single "Vida Real", que foi escolhido como tema de abertura da edição brasileira do reality show Big Brother Brasil

A banda voltou à mídia com o CD e DVD M.TiVi RPM 2002, gravado no Teatro Procópio Ferreira, em São Paulo, nos dias 26 e 27 de março de 2002. Além dos grandes sucessos, a banda apresentou canções inéditas, como Carbono 14, Rainha, Vem Pra Mim e Onde Está o Meu Amor (gravada em estúdio e incluída na trilha sonora da novela Esperança, da Rede Globo).

O RPM começava a conquistar uma nova legião de fãs por conta do sucesso de “Vida Real”. Nos shows, misturava-se gente que havia acompanhado o grupo no auge do sucesso, com adolescentes que pela primeira vez na vida estavam vendo um Paulo Ricardo roqueiro.

Tudo parecia ir muito bem até que resolveram entrar em estúdio para trabalhar em um novo material.

Em meados de 2003 a banda entraria em estúdio para gravar seu próximo álbum de ineditas. Depois de uma turnê bem sucedida, não se ouvia falar mais nada sobre o conjunto. Os fãs começaram a estranhar a demora.

Começou a inevitável pergunta: ¿Teriam eles terminado novamente? Logo saberíamos que sim, e as polêmicas vieram à tona.

Esta história tem dois elementos que foram a causa do fim do RPM, primeiro as diferenças musicais no rumo que a banda deveria seguir no próximo álbum, por um lado Luiz e Fernando queriam continuar na linha musical dos anos 80, e Paulo Ricardo queria incorporar elementos da música eletrônica.

A outra causa foi o registro dos direitos da banda, levado a cabo por Paulo Ricardo em 2003, ele falou que foi feito com autorização dos restantes membros da banda. Em resposta, Luiz Schiavon e Fernando Deluqui afirmaram que isso foi feito sem o consentimento deles.

É aí que começam os problemas que tentaremos explicar agora.

Segundo Paulo, quando a marca foi registrada em 2003, so permitia registrar um dono da marca, isso mudou em 2019. Por isso ele colocou a marca RPM em seu nome.

Segundo Luiz Schiavon, em Julho de 2003 em plena turnê da banda, Paulo Ricardo, registrou as marcas RPM, Revoluções Por Minuto e Rádio Pirata em seu próprio nome, sem avisar nenhum dos membros do grupo. Em seguida, também em segredo, iniciou a montagem de uma empresa, denominada RPM Entretenimento, com atribuições de gravadora e agência de empresariamento, sempre em seu próprio nome e SEM PARTICIPAÇÃO dos membros da banda.

Em resposta, Paulo Ricardo negou naquele momento, que tenha feito o registro sem o conhecimento dos demais integrantes da banda.

"No meio da última turnê, eu disse para os outros que gostaria de ter camisetas e bonés do grupo, para vender nos shows e pela Internet. Todos ficaram empolgados com a idéia. Então, falei que entraria com o pedido de registro para que pudéssemos vender os produtos. Dei entrada e acabamos não nos reunindo mais para dar seqüência. Mas todos sabiam e gostaram da idéia".

O outro foco de discussão refere-se à autonomia do grupo. Segundo Deluqui e Schiavon, o vocalista montou a empresa RPM Entretenimento, para administrar sozinho o destino da banda.

Entao o litígio foi parar na Justiça.

Esta situação foi resolvida em 2007, após uma aproximação entre os integrantes da banda, onde foi firmado um acordo legal, de que o RPM só poderia existir, se os quatro integrantes originais estivessem juntos.

Só que segundo Fernando Deluqui e Luiz Schiavon em entrevista, eles afirmaram que também há outras cláusulas naquele contrato, de que se alguém quiser sair da banda, o grupo pode continuar existindo.

A realidade é que o acordo como tal existe, e foi reconhecido por todos. Não sabemos se essa cláusula que fala Fernando Deluqui, também existe.

Da mesma forma, hoje em 2022 apesar do acordo, ainda existe uma briga pelos direitos da banda, entre os integrantes. Hoje Fernando Deluqui, ex-guitarrista do grupo, formou uma banda que chama de RPM, sem os demais integrantes.

A outra grande diferença, foi a tentativa de Paulo Ricardo de tentar mudar os rumos musicais da banda, onde, anos depois, Paulo Ricardo assumiria que foi um erro, tentar mudar o som do RPM.

Paulo Ricardo declarava na época, que gostaria de uma nova sonoridade, fazendo algo mais moderno, e os demais companheiros queriam um álbum mais nostálgico.

Segundo Paulo Ricardo

"Em agosto de 2003, a Universal Music disse que não teria verba para lançar nosso disco em outubro, como estava previsto. Me sentia desconfortável por ter que submeter decisões de repertório, por exemplo, a executivos de gravadora.

Queria mais autonomia para fazer a nossa música. E também concluí que o material que estava para ser lançado estava muito antigo, muito anos 80. Precisávamos de um som mais moderno."

Então, segundo Paulo Ricardo, para alcançar maior autonomia da banda e reformular o repertório, liberou-se de seus contratos com a Universal e com seu empresário.

"O Paulo Pagni [baterista da banda] ficou muito empolgado com as novas idéias. O Fernando Deluqui não se entusiasmou e o Schiavon não gostou.

Paulo disse a Schiavon que cada um deveria preparar as músicas como quisesse e que depois voltariam a conversar.

O Fernado Deluqui foi displicente. Estava satisfeito com a carreira solo, queria uma coisa meio funcionalismo público.

Isso é impossível. O RPM ou qualquer banda profissional exige dedicação integral.

Conversamos amigavelmente, que era melhor ele se dedicar a carreira solo, se não queria ir ensaiar e participar."

Segundo Paulo Ricardo, Schiavon gravou "uma coisa displicente".

"Tenho guardadas as demos que ele gravou no ensaio. É tudo muito antigo, um trabalho desleixado." Ainda, perguntou a Schiavon, se ele não aceitava empresariar o RPM. "Luiz disse que achava o RPM muito grande pra ele. Então, fui à luta", diz Paulo Ricardo.

Segundo o cantor, o mais desagradável é a afirmação dos dois músicos de que ele fez tudo em segredo. "Essa é a inverdade fundamental.

Do outro lado, Deluqui e Schiavon afirmaram que "este 'novo' RPM, como estáva sendo apresentado, não passaba de um engodo para disfarçar um projeto individual do Paulo Ricardo. Que não tinha a hombridade de fazê-lo com seu próprio nome, temeroso de uma possível rejeição do público. Por isso usa a marca da banda para garantir seus lucros."

É engraçado, porque a denúncia que Deluqui fez contra Paulo Ricardo é o que ele faz atualmente com o RPM. Hoje a Fernando Deluqui usa a marca RPM para garantir seu sucesso, e as vendas dos shows.

Como dissemos no início, Paulo Ricardo reconheceu anos depois que estava errado.

Ele falou em entrevista para folha de São Paulo, que havia sido sua vontade de impor una modernização a banda. Depois de refletir , liguei para eles e disse:

Voces estavam certos, eu estaba errado, nao da para o RPM nao ser classic rock brasileiro. O fã iría dizer que o RPM estaba traindo o RPM, ninguem quer saber de coca cola verde.

Na revista Rolling Stone tambem fez uma declaração, concordando que foi o culpado pela ruptura e afirmou que as diferenças entre eles sempre foram musicais e não pessoais. "A minha ansiedade fez a coisa desandar", assumiu.

O fim do RPM fez com que duas novas bandas fossem geradas, de um lado Paulo Ricardo e Paulo Pagni formaram o PR5, de outro lado Luiz Schiavon e Fernando Deluqui criaram a banda LSD.

Este foi o fim do RPM em 2003, infelizmente, ao contrário de outras bandas dos anos 80, como Capital Inicial, eles não puderam aproveitar o sucesso do álbum MTV, para continuar aumentando seu legado.

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