A história da música Quatro Coiotes do RPM

A música foi composta por Paulo Ricardo durante a turnê ao vivo do Rádio Pirata em 1986, ou seja, dois anos antes do lançamento do novo trabalho.


Hoje vamos contar a história da música quatro coiotes, primeiro single do álbum do RPM de 1988, também conhecido popularmente como 4 coiotes.

Depois do sucesso do Rádio Pirata, esperava-se que este terceiro álbum pudesse consolidar a trajetória do RPM, e por isso contaram com o apoio necessário da gravadora.
Foi alugada uma casa em Búzios para que os integrantes do RPM pudessem passar um mês juntos trabalhando nas composições do novo álbum, e também viajaram para os Estados Unidos para a produção do disco.

Para o lançamento do primeiro single foi realizada uma forte campanha de expectativa em São Paulo, onde a gravadora se encarregou de colar nos muros da cidade, cartazes com a imagem dos quatro coiotes, e a legenda "os quatro coiotes vem aí.” 

Algumas notas nos jornais da época falam disso. Como parte da divulgação, o single promocional da música foi entregue em diversas rádios do país.

A música foi composta por Paulo Ricardo durante a turnê ao vivo do Rádio Pirata em 1986, ou seja, dois anos antes do lançamento do novo trabalho.

Foi composta enquanto viajavam pelo Nordeste do país, uma noite em Teresina. De acordo com Paulo Ricardo

No livro revelações por Minuto de Marcelo Leite de Moraes, essa história também é contada.

A figura do coiote tem vários significados, em algumas interpretações ela personifica algo ruim, um presságio ruim, uma trapaça ou algo que não dará certo. 

"A figura do coiote é muito freqüente na literatura beat, um símbolo marginal, vadio...", comentou Paulo Ricardo na época, numa entrevista.

A música “Quatro coiotes" tinha um conceito muito subjetivo. Possuía uma vertente poética sombria, mostra das influências de William Blake e Jim Morrison sobre Paulo Ricardo em sua juventude.

A música foi escolhida pela banda, e não pela gravadora, para ser o primeiro single do novo LP. Luiz Schiavon queria que a música de trabalho para o lançamento do disco fosse “Partners”, mas a escolhida foi Quatro Coiotes.

A intenção do RPM era ter um prazer pessoal de poder colocar nas ondas do rádio uma música absolutamente delirante, sem nenhuma classificação possível. A canção é um rap meio sinistro, com um refrão de música árabe.

Realmente uma viagem. A voz de Paulo Ricardo estava atrás de todos os instrumentos, dificultando o entendimento da fala do cantor.

Não se pode negar que o poder que o RPM tinha na época possibilitava esse tipo de audácia musical em seus discos. Contudo, o mercado não entendeu essa viagem. O próprio rock estava se sofisticando, mudando um pouco, falando para os seus pares, e a mídia estava voltada para um som mais popular.

"Nós superestimamos a capacidade do mercado de absorver uma coisa nova", avalia Paulo Ricardo. "Era um disco bonito, mas faltava um sucesso.

O RPM tinha amadurecido, mas ficou sisudo e hermético. Era o reflexo de tudo o que os rapazes estavam passando na vida pessoal e profissional. Era o reflexo da nossa incapacidade de contornar as situações", afirma o vocalista. 

A letra da música é um turbilhão de informações e uma viagem pessoal de Paulo Ricardo.

Outro dos detalhes da música, que também que se repete ao longo do que seria o álbum, é que a voz é muito baixa no que diz respeito aos instrumentos, embora Maluly, que foi o produtor do álbum, não tenha concordado com essa decisão.