Havia uma ciumeira muito grande em relação ao RPM nos anos 80.

RPM é uma das mais importantes bandas do rock nacional, na década de 80 marcou uma revolução, um antes e um depois no cenário da música nacional.

Não só pelo sucesso gerado pela venda do seus álbuns, mas pelo fenômeno gerado pela banda naquela época, muitos faziam a comparação com o fenômeno dos Beatles nos anos 60.

Isso levou a banda a um lugar que nenhum outro grupo de rock havia alcançado, um feito que não se repetiría novamente.

Embora em 1986 o RPM fosse a mais importante banda do rock nacional, depois do grande sucesso do Rádio Pirata ao vivo, da super exposição do grupo e do status de superstar que ocupavam naquela época, tudo mudou a partir de 1987.

A banda começou a ser rejeitada por parte do público; durante a cerimônia de premiação dos melhores do ano realizada pela revista Bizz no início de 1987, Paulo Ricardo foi vaiado.

Isso foi em  janeiro de 1987 no Teatro Carlos Gomes, Renato Russo subiu de jeans e camiseta e foi aplaudido de pé. Paulo foi receber seu prêmio vestindo um terno de cortes orientais e foi vaiado violentamente. 

“Paulo Ricardo falou, não dava para ser grande e cool ao mesmo tempo, porque a classe média nunca vai gostar do mesmo grupo que a empregada ouve. Virou moda falar mal do RPM.”

Foi gerado algum ciúme por parte de outras bandas, devido ao tratamento preferencial que o RPM teve, não só dos programas de televisão, mas também da gravadora.

Lembremos que em 1986 o álbum Rádio Pirata ao vivo, praticamente se apropriou da produção das fábricas de vinil do país e em alguns casos dos países vizinhos, o que fez com que outras bandas tivessem dificuldades para produzir seus trabalhos.

Segundo Paulo Ricardo em entrevista, houve bandas que não venderam mais discos, porque o RPM havia tomado as fábricas do país.

Á medida que o RPM cresceu e se tornou a banda de maior sucesso do país, eles se isolaram do resto, o que certamente gerou a rejeição de outras bandas.

Mas esse isolamento não era necessariamente responsabilidade 100% da banda, o RPM tinha uma agenda que incluía quase 30 shows por mês, em alguns casos com apresentações de segunda a segunda.

Com esse ritmo de shows, os integrantes da banda passaram a conviver boa parte do tempo em uma espécie de casamento a quatro.

Outros artistas, talvez por inveja, criticaram o RPM, que na época havia se tornado referência para bandas de rock do país. No livro Días de Luta se conta a história de quando os Paralamas de Sucesso foram ver um show do RPM.

O RPM transformava-se em um referencial para todo o rock nacional, uma luz néon apontando que o caminho a seguir era a superprodução, a super profissionalização, a “britanização” da música pop brasileira. “A gente detestava aquilo, achava o fim da picada”, lembra Herbert Vianna. 

“Fomos assistir a um show do RPM e o Paulo Ricardo entrou com uma capa de cetim... Todas aquelas letras derivativas do rock progressivo. E a gente: ‘Puta que pariu! Que bosta!!, E virou aquele negócio né?.

Enfim uma superbanda’, dizia a imprensa...”

O Nasi da banda IRA, falou na época.

“Os RPM sempre foram caras com uma atitude, ‘nós somos os bons, diferentes desse povo feio e desajeitado do rock nacional; somos a fina flor da espécie, a última palavra em banda; lindos, maravilhosos, nos comprem por favor”.

Luiz Schiavon na época tentou dar uma explicação para toda essa situação que a banda vivia dentro do rock nacional.


A banda também não ajudou com algumas de suas declarações.

Por exemplo, em entrevista realizada em 1988 antes da gravação do álbum Quatro Coiotes, após alguns acidentes com os integrantes da banda, eles acreditaram que a inveja do sucesso havia gerado esses problemas.

“Isso é olho mesmo”, vudu, Vuduzagem mesmo,  falou Paulo Ricardo.

Por isso que a gente escondeu tudo, o disco, nossa volta, tudo. Porque a gente sabia , sentia que se abrisse ia pintar vuduzagem, como está pintando. É inevitável, somos a banda mais famosa do Brasil, estamos aqui fazendo a mixagem de um puta disco… neguinho nao agüenta mesmo, manda aquela vibração pesada…!

Obviamente todas essas situações geraram rejeição por parte de outras bandas e do público, pelo cansaço que havia ocorrido, com a imagem da banda.



Em 1988 “Havia uma ciumeira muito grande em relação ao grupo, porque eles foram para o hiper, para o mega — o que não há nenhum problema em si, acredita Alex Antunes. “Houve uma sacanagem com o RPM que grudou na banda uma imagem indigna que nunca foi condizente com o som que eles faziam.

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Com o passar do tempo vemos claramente os erros que a banda cometeu nesses anos, a falta de uma figura que pudesse ter administrado a carreira da banda, talvez isso tivesse permitido resolver alguns problemas, o que teria permitido ao RPM ter uma carreira mais longa, e talvez não tivesse acabado em 1989.

Mas esta figura nunca existiu, nada poderia garantir que, se existisse alguém que pudesse desempenhar esta função, guiasse a banda por outro caminho. Os egos inflados junto com o consumo de drogas na época, tornaram incontroláveis ​​as personalidades dos 4 integrantes da banda.

É preciso lembrar que Manoel Poladían, que era o produtor, não teve essa função e a banda decidiu parar de trabalhar com ele nos últimos meses da turnê de 1986. 

Esses são alguns dos motivos pelos quais o RPM gerou rejeição no cenário pop rock dos anos 80, agora a resenha continua nos comentários. Conte-nos qual a sua opinião em relação a essa história, e quais foram os erros que a banda cometeu na década de 80, que causaram certa rejeição por parte de outras bandas da época.