RPM discos, a gravadora criada pelo RPM, que lançou apenas um único trabalho.
Com milhões de cruzados nas contas bancárias, a turma do RPM começou a viajar nas ideias e resolveu entrar para o mundo dos negócios.
Para contar essa história vamos nos basear em depoimentos dos envolvidos e principalmente no livro Revelações por Minuto, de Marcelo Leites.
A RPM Discos seria um selo pelo qual o grupo lançaria seus próximos trabalhos e também serviria para gravar outras bandas e artistas.
O primeiro e o único trabalho lançado pela banda, foi o primeiro LP da banda Cabine C do Ciro Pessoa, cantor, guitarrista, compositor e líder do grupo.
Cabine C foi uma banda com um som um pouco mais sombrio, letras cheias de lirismo e boas canções, o grupo chamava a atenção do mundo da música e despertou o interesse em algumas gravadoras, como a Warner, por exemplo.
O fato é que não houve acerto com outras gravadoras, no fim das contas, quem sobrou para a banda assinar foi a RPM Discos. Assim, o Cabine C foi o primeiro e único contratado da empresa fundada por Paulo Ricardo e Luiz Schiavon.
A RPM Discos, nasceu para ser um selo independente que teria como um dos seus pilares a qualidade dos trabalhos que seriam lançados e que conseguisse lançar bandas e trabalhos alternativos.
Queríamos fazer discos de trabalhos menos comerciais, lembra Paulo Ricardo. Mas a falta de experiência com a administração de um selo e problemas externos fizeram com que o empreendimento lançasse apenas um disco.
Segundo Ciro Pessoa, durante a negociação ficou acertado que Luiz Schiavon, sería o produtor do disco. "Ele foi um produtor criativo e tolerante, e o disco ficou muito bom", lembra Ciro Pessoa. As gravações ocorreram entre dezembro de 1986 e fevereiro de 1987. Todos os custos dessa produção foram bancados pela RPM Discos, e a produção ficou a cargo de Luiz Schiavon.
Gravado nos Estúdios Transamérica, em São Paulo, o disco produzido por Luiz Schiavon, tecladista do RPM, foi lançado em 1987.
Fósforos de Oxford tinha boas músicas, como a faixa "Pânico e solidão", "Lapso de tempo", "Anos", "Jardim das gueixas", entre outras. Das onze composições, sete eram assinadas exclusivamente por Ciro Pessoa.
A pesar de ser um bom trabalho, o grande problema do LP, foi com a distribuição do disco, em função da falência da RPM discos, pelo grande investimento sem nenhum retorno, lembra Ciro Pessoa.
Os problemas eram muitos na empresa do RPM. Paulo Ricardo morava no Rio na época e respondia pela direção artística do projeto da RPM Discos, e Luiz Schiavon cuidava dos negócios em São Paulo.
Lembra Paulo Ricardo que tudo fugiu do nosso controle. A euforia do cruzado havia acabado, já era o cruzado novo.
Então, vim a São Paulo e pedi ao Luiz para acabarmos com aquilo tudo. Eu e o Luiz não tivemos força nem bom senso para segurar essa situação toda, foi o fim", resume Paulo Ricardo.