RPM o boicote.
O show de estreia foi realizado no dia 29 de agosto de 1988, no Palácio das Convenções do Anhembi, tendo Dennis Carvalho, diretor de novelas da TV Globo, como diretor musical.Um show que mostrou as mudanças pelas quais a banda passou, que intercalou sucessos antigos com músicas do novo disco.Entre as novidades estavam o cover de Autonomia, música de Cartola, e Feito Nós, música do álbum RPM Milton de 1987, onde Paulo Pagni cantou a parte de Milton Nascimento.
Mas não foram as únicas novidades, algumas músicas tiveram uma nova versão, novos arranjos, como foi o caso de London London.
No show foi tocado quase todo o repertório do disco Quatro Coiotes, pelo menos nos primeiros meses da turnê, não estiveram as músicas Quarto Poder e Teu futuro espelha essa grandeza.
Os sucessos do Rádio Pirata ao vivo, Alvorada Voraz e Flores Astrais tiveram novos arranjos.
O show foi sombrio, lento, bem diferente da energia mostrada no show do Rádio Pirata ao vivo. Em setembro de 1988 a banda deixaria de trabalhar novamente com Manoel Poladián, e em outubro do mesmo ano, a turnê passou a se chamar Partners.
O RPM realizou uma mini turnê pelos Estados Unidos, de 14 a 25 de setembro de 1988, com shows em Nova York, Newark e Boston.
No início da turnê Partners as aparições na mídia começaram a diminuir, também o número de shows, as vendas dos discos não foram as esperadas e consequentemente o dinheiro também diminuiu.
No dia 27 de outubro começou a temporada de shows no CANECÃO no Rio de Janeiro, mas com os mesmos problemas que a banda apresentava desde o início da turnê, um show apático e sem entusiasmo.
Vários erros cometidos pela banda fizeram deste trabalho um fracasso comercial. Por exemplo, é um álbum sem um sucesso, talvez a música Quatro Coiotes não deveria ter sido escolhida como música de trabalho.
Por outro lado, quando a banda teve a chance de transformar Partners em um hit, eles recusaram.
Em 1988, o autor de novelas da Rede Globo, Gilberto Braga, através do diretor Dennis Carvalho, formalizou um convite ao RPM para que integrassem a trilha sonora da novela Vale tudo, que estava por estrear.
Seria uma grande oportunidade para o RPM estar ainda mais na mídia e ter uma música do novo disco em absoluta evidência. "O Gilberto Braga recebeu nós quatro muito bem, mas fizemos uma tremenda desfeita para ele e para o Dennis Carvalho", relembra Luiz.
O encontro realmente foi um fracasso retumbante. "O Paulo disse que não queria, que a música deveria ter vida própria e não ser associada a personagens de novelas", lembra Luiz.
O Luiz Schiavon era a favor de ceder a música porque, assim, poderiam dar maior visibilidade ao novo trabalho.
"Se pudéssemos voltar no tempo e colocar a música 'Partners' na novela Vale Tudo, teríamos estourado mais um sucesso e poderíamos até ter nos separado, mas gravaríamos mais um disco e os shows seriam melhores. A novela Vale Tudo foi um dos maiores sucessos da Rede Globo entre os anos de 1988 e 1989.
Conforme contado também no livro, as rádios começaram a realizar um movimento silencioso de boicote contra o RPM.
A antipatia gerada, o pouco entusiasmo que o novo álbum gerou, a postura da banda nas entrevistas, às vezes a falta de profissionalismo na divulgação, tudo isso gerou mal vontade contra a banda, fora a inveja gerada pelo sucesso alcançado em 1986.
O álbum não foi bem recebido pela crítica dependendo do posicionamento da banda, conforme contado no livro. Da mesma forma, o grande juiz de tudo isso foi o público, que também não aprovou amplamente esta nova obra.
Eu ouvi falar que houve uma reunião entre as rádios, os diretores responsáveis pelas execuções proibiram de tocar RPM. Ouvi dizer na época e tempos depois o Maluly me confirmou”, afirma Delúqui.
Após a mal sucedida turnê dos Quatro Coiotes, a banda poderia ter entrado novamente em estúdio e gravar um novo disco, que suplantasse o anterior. O fato de não ter estourado o álbum Quatro Coiotes, brochou todo mundo.
Os integrantes da banda começaram a brigar jogando a culpa um no outro, por causa das criticas ao Quatro Coiotes.
A CBS chegou a oferecer também ao RPM a gravação de um disco em espanhol para atingir o público latino. Enquanto Paulo Ricardo não gostava da idéia, Luiz Schiavon era favorável à gravação, que poderia ser uma porta de entrada até para os Estados Unidos. Paulo Ricardo achava que seria melhor para a banda a gravação de um disco em inglês, diretamente para o mercado americano. "Se eles vendem aqui, queremos vender lá também", declarou Paulo Ricardo. Não conseguiram nem uma coisa nem outra.
"A banda já estava completamente perdida, afogada em drogas e esgarçada ao máximo, comentou o critico musical Jamari França no livro.
O último show do RPM foi no Dama Xoc, em São Paulo, no dia 25 de fevereiro de 1989, um sábado, dia do casamento de Luiz Schiavon, em Matão, interior de São Paulo.
"Casei no interior e vim a São Paulo para fazer o show. Foi uma droga", lembra Luiz. "Esse show foi a pior coisa que senti na vida. Faltou tudo.
Não tínhamos mais aquela coisa de banda, de coletividade, faltou o RPM do início, tudo estava muito ruim", resume Paulo Ricardo.