Paulo Ricardo, o responsável pelo fim do RPM em 2004, e pelo cancelamento do novo álbum.

Paulo Ricardo, “eu estava errado, eu queria inventar a Coca-Cola verde”


O maior erro do RPM não foi acabar em 1989, foi não ter lançado seu trabalho inédito em 2003, e continuar a banda depois do RPM MTV 2002.

Muito se fala sobre a história do RPM, e a pergunta mais frequente que surge é: como uma banda com o sucesso que alcançou nos anos 80, chegou ao fim?. Depois de se tornar a banda de rock nacional de maior sucesso, em 1989 seus integrantes decidiram que era melhor encerrar o projeto.


Mas a banda teve uma segunda chance, a onda de reviver e destacar vários artistas que fizeram sucesso no passado, a MTV Brasil deu à banda a chance de se reunir para gravar um álbum eletroacústico, que marcaria a volta do grupo.

O especial do RPM na MTV permitiu que a banda não apenas se reunisse, mas se reposicionasse no cenário musical, conquistando uma legião de novos fãs, vendendo 300.000 discos e excursionando pelo país novamente com sua turnê: RPM, a volta do rock espetáculo.

Após um ano de turnê, a banda estava prestes a lançar um novo trabalho; o compromisso com a gravadora Universal era que o RPM teria um novo álbum em outubro de 2003.

Durante meses a banda trabalhou em novas músicas, como seus integrantes declararam em diversas entrevistas concedidas na época.

Segundo carta publicada por Luiz Schiavon em 2003: “Começamos a gravar as demos em OUTUBRO de 2002, não em Junho de 2003. Trabalhamos UM ANO e por coincidência só quando o nome da banda estava registrado, o Paulo achou que o som não estava legal.

Em Outubro tínhamos uma agenda de shows fechada, com compromissos agendados até Janeiro, com a Poladian Produções. O Paulo unilateralmente solicitou o cancelamento dos shows.


Segundo Paulo Ricardo na época, o cancelamento do contrato com a Universal tinha como objetivo permitir que a banda trabalhasse com mais liberdade, sem ficar preso aos tempos da gravadora.

As demos que ficaram conhecidas, que seriam do álbum de 2004, foram reaproveitadas por Paulo Ricardo, e também por Luiz Schiavon, que criaram duas novas bandas depois do fim do RPM, PR5 do Paulo Ricardo e o baterista Paulo Pagni, e o LSD, de Luiz Schiavon e o guitarrista Fernando Delúqui.

Voce encontra no video, ás demos que foram gravadas pela banda.

A lista das demos:
1 Celebridade.
2 Música Comercial 
3 Crédito
4 Terra Brasílis,
5 Onde há fumaça, há fogo
6 Do sexo e do poder”

Na mesma época, o RPM gravou o single Me dê motivo, que foi lançado no álbum "Duetos” de Michael Sullivan. Essa faixa contou com a participação de toda a banda, com Paulo Ricardo dividindo os vocais com Sullivan. Foi a única música daquela época lançada oficialmente

Tem uma demo que levou o nome de " a luz do amor", uma música que faria parte de um filme, é a única informação que temos. A demo existe, mas a gente só conhece o nome, não sabemos para qual filme nacional foi composta.

Se a banda tivesse seguido um caminho mais clássico, sem os elementos eletrônicos que Paulo Ricardo queria incluir, talvez pudessem ter incluído algumas das demos apresentadas em 2002, para o RPM MTV.

Entre elas “Livre”, “Não Olhe Pra Trás”, “A balada do P.A” com letra de Paulo Ricardo.

A gente ficou sabendo que o Paulo Ricardo apresentou todas as demos do álbum de 94, antes da escolha do repertório do MTV 2002, então a possibilidade de algumas das demos do álbum Noturno, poderia entrar nesse trabalho de 2004.

Lamentável que os conflitos na banda levaram ao cancelamento deste trabalho.

Em 2007, três anos após a dissolução da banda, Paulo Ricardo reconheceu em duas entrevistas que sua decisão de tentar mudar o som da banda foi um erro.

Em entrevista ao jornal “Folha de São Paulo” com o título, Paulo Ricardo matou seu lado romântico brega dos anos 90, ele falou:

O motivo do segundo racha, após a volta do RPM em 2002, havia sido minha vontade de impor uma modernização à banda. Depois de refletir, liguei para eles e disse:
"Vocês estavam certos, eu estava errado, Não dá para o RPM não ser classic rock brasileiro.
O fã iria dizer que o RPM estava traindo o RPM. Ninguém quer saber de show dos Stones com dramba bass nem de Coca Cola verde.
O vocalista concorda que foi o culpado pela ruptura e afirma que as diferenças entre eles sempre foram musicais e não pessoais. "A minha ansiedade fez a coisa desandar", assume. A mea culpa também foi feita no Tom Jazz, quando ele pediu desculpas públicas a Delúqui e a Schiavon.